segunda-feira, 29 de agosto de 2011

14ª Jornada Literária de Passo Fundo - RS.

Participação de Luiz Moojen como contador de histórias na 14ª Jornada Literária de Passo Fundo - RS/ 2011

Dom Quixote e Sancho Pança nos Moinhos de Vento...

Livre adaptação de contos e histórias do folclore gaúcho e da Literatura Universal.

Novas histórias: 

A Lenda da Erva Mate.
Causos de Lagoa Vermelha.
















55 (51) 92150048 - Email: lcmoojen@uol.com.br
Porto Alegre - RS/ Brasil.








terça-feira, 16 de agosto de 2011

Dom Quixote e os Moinhos de Vento.

Ator Luiz Fernando Moojen em uma alusiva e descontraida homenagem a Miguel de Cervantes.




Esquete teatral sobre as aventuras e desventuras de Dom Quixote de La Mancha e de seu fiel escudeiro Sancho Pança.

Quando Dom Quixote e Sancho Pança se aproximam dos Moinhos de Vento:

"Descobriram trinta ou quarenta moinhos de vento, que há naquele campo.

Assim que Dom Quixote os viu, disse para o escudeiro:

A aventura vai encaminhando os nossos negócios melhor do que o soubemos desejar; por que, vês ali, amigo Sancho Pança, onde se descobrem trinta ou mais desaforados gigantes, com quem penso fazer batalha, e tirar-lhes a todos as vidas, e cujos despojos começaremos a enriquecer; que esta é boa guerra.

- Quais gigantes? - disse Sancho Pança.

- Aqueles que alí vês - respondeu o amo - , de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.

- Olhe bem Vossa Mercê - disse o escudeiro - , que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento; e o que parecem braços não são senão as velas, que tocadas ao vento fazem trabalhar a mós.

- Bem se vê - respondeu Dom Quixote- , que andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e se tens medo, tira-te daí, e pões em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha.

Dizendo isto, meteu esporas ao cavalo Rocinante, sem atender os gritos do escudeiro, tão cego ia ele em que eram gigantes, ia dizendo.

- Não fujais, covardes e vis criaturas; é só um cavaleiro o que vos investe.

Levantou-se neste comenos um pouco de vento, e começaram as velas a mover-se; vendo isto Dom quixote disse:

- Ainda que movais mais braços do que os do gigante Briareu, heis de mo pagar.

E dizendo isto, encomendando-se de todo o coração à sua senhora Dulcinéia, pedindo-lhe  que em tamanho transe o socorresse, bem coberto da sua rodela, com a lança em riste, arremeteu  a todo galope do Rocinante, e se aviou contra o primeiro moinho que estava diante, e dando-lhe uma lançada na vela, o vento a volveu com tanta fúria, que fez a lança em pedaços, levando desastradamente cavalo e cavaleiro, que foi rodando miseravelmente pelo campo a fora. Acudio Sancho Pança a socorrê-lo, a todo o correr do seu asno; e quando chegou ao amo, reconheceu que não podia menear, tal fora o trambolhão que dera com o cavalo.

-Valha me Deus! - exclamou Sancho. Não lhe disse eu a Vossa Mercê que reparasseno que fazia, que não eram senão moinhos de vento...

- Cala - te, amigo sancho. - respondeu Dom Quixote-; - as coisas da guerra são de todas as mais sujeitas a continuas  mudanças; o que eu mais creio, e deve ser verdade, é que aquele sábio Frestão, que me roubou o aposento e os livros, transformou estes gigantes em moinhos, para me falsear a glória de os vencer, tamanha é a inimizade que me tem; mas ao cabo das contas, pouco lhe hão de valer as suas más artes contra a bondade da minha espada.

- Valha - o Deus que o pode! - respondeu Sancho.

E ajudando-o a levantar, o tornou a subir para cima do Rocinante, que estava também meio desazado. Conversando no passado sucesso, continuaram caminho para Porto Lápice, porque por alí,dizia Dom Quixote, não era possível que se não achassem muitas e diversas aventuras, por ser sítio de grande passagem".....

Ficha técnica:

Criação e atuação: Luiz Fernando Moojen.
Gênero: Drama.

Público alvo: A partir dos 12 anos.
Duração: 20 min.

Local para apresentação: Rua e sala.
Técnicas utilizadas: Contação de histórias, leitura dramática, teatro de rua e boneco de balcão.

Necessidades técnicas: Uma mesa e uma cadeira, iluminação com quatro refletores fresnel(500 W) e um elipso, equipamento de sonorização, água...

Contato: 55 (51) 92150048/ 33912717.
Porto Alegre - RS/ Brasil.




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

As aventuras e desventuras do Cavaleiro da Triste Figura.


Cada um é filho de suas obras.

De vós outros, canzoada baixa e soez, nenhum caso faço.

Ó senhora de formosura, esforço e vigor do meu debilitado coração, lance é este para pordes os olhos de vossa grandeza neste cativo cavaleiro, que a testemunha aventura é chegado!

Onde estás, senhora minha,
Que te não dói o meu mal?
Ou não nos sabe, senhora,
Ou és falsa e desleal.

Minhas pompas são as armas,
Meu descanço o pelejar.

Muitas foram as aventuras de Dom Quixote e Sancho Pança, como: a Dos Moinhos de Vento e tantas outras, muita pancadaria e devaneios...Sancho dá o apelido para o seu amo de "Cavaleiro da Triste Figura", pois este não tinha mais os dentes na queixada e era a mais má figura que nunca ví...dizia Sancho.
Mas  aqui lhes sucedeu outra desgraça, que a Sancho pareceu a pior de todas; e foi não terem vnho que beber, e até nem água para chegar a boca...; e perseguidos da sede, vendo Sancho que o prado estava coberto de erva miúda e viçosa, disse:
Não é possível, senhor meu, que estas ervas deixem de nos estar mostrando haver por aqui perto fonte ou arroio que lhes alimenta o viço. Será logo razão passarmos um pouco adiante, e acharemos com que mitigar esta desesperada sede que nos mortifica, e sem dúvida é pior de sofrer do que a a própria fome.
Tomou por bom o conselho Dom Quixote; e , tomando pela rédea a Rocinante, e sancho ao seu asno pelo cabresto, depois de lhe ter posto em cima os sobejos da ceia, começaram a caminhar pelo prado acima às apalpadelas, por que o escuro da noite não deixava enchergar coisa alguma.
Ainda porém não tinham andado duzentos passos, quando aos ouvidoslhes chegou um grande ruído de água...alegrou-os muitissímo aquele estrondo; e, parando a escutar de que parte vinha, ouviram naquele fora de hora outro estrépido, que aguarentou o contentamento da água, especialmente a Sancho, que de seu natural era medroso. Ouviram uns golpes a compasso com um certo retinir como de ferros e cadeias, que, juntos ao furioso estrondo da água, que lhes fazia acompanhamento, poriam pavor a quem quer  que não fora Dom Quixote. Era a noite, como já disse, escura; e eles acertaram de se achar entre uma árvores altas, cujas folhas, movidas pelo vento, faziam um temeroso ruído; por modo que a solidão, o lugar, o escuro, o cair da água, com o sussurro das folhas, tudo infundia Terror e espanto, mormente reparando-se em que nem os golpes cessavam, nem o vento adormecia, nem a manhã chegava; acrescentado-se a tudo isto o não saberem em que lugar se achavam. porém Dom Quixote, acompanhado de seu intrépido coração, saltou sobre Rocinante, e disse:

Sancho amigo, hás de saber que eu nascí, por determinação do céu, nesta idade de ferro, para nela ressucitar a de ouro, ou dourada, como se costuma dizer. Sou eu aquele para quem estão guardados os perigos, as grandes façanhas, e os valorosos feitos...

Senhor, não sei por que Vossa Merce quer meter-se nessa aventura tão medonha. Agora é noite, aqui ninguém nos vê; bem podemos desandar o caminho e desviar-nos do perigo, muito embora não bebemos em três dias. Como não há quem não nos veja, também não há de haver quem nos ponha mácula de covardes; quem busca o perigo no perigo morre; e por isso não é bom tentar a Deus acometendo tão desaforado feito, donde se não pode escapar, a não ser por um milagre...
Falte o que faltar, nem se há de dizer por mim agora, nem nunca, que lágrimas e rogos me apartaram de fazer o que devia na qualidade de cavaleiro; pelo que te rogo, Sancho, que te cales, que Deus, que me pôs no coração acometer agora esta tão nunca vista e tão pavorosa aventura, lá terá cuidado de olhar por meu salvamento, e de consolar a tua tristeza. O que há de fazer é apertar as silhas a Rocinante, e ficar-te aqui, que eu depressa voltarei vivo ou morto.

Vendo pois Sancho a resolução do amo, e quão pouco aproveitaram com ele as suas lágrimas, conselhos e rogos tedeterminou valer-se da sua indústria, e fazê-lo esperar até ao dia, se pudesse; e assim, enquanto apertava as silhas ao cavalo, sorrateiramente, e sem ser sentido, prendeu com o cabresto do seu asno ambas as mãos de Rocinante, por modo que Dom Quixote, quando quis partir, não o pôde, por que o cavalo se não podia mover senão aos saltos. Vendo Sancho Pança o bom êxito da sua maranha, disse:

Veja senhor, como o céu, comovido das minhas lágrimas e orações, determinou não poder mover-se o Rocinante ; se quer ateimar a esporeá-lo, será ofender a Fortuna, e escoicinhar, como dizem, contra o aguilão.

Desesperava-se com isso Dom Quixote; e, por mais que metia as pernas á cavalgadura, menos a fazia andar; e sem acabar de perceber o estorvo da peia, teve por bem sossegar, e esperar, ou que amanhecesse, ou que o bruto desempatasse, crendo sem dúvida que de alguma outra causa provinha o empacho, e não da habilidade do escudeiro; e falou-lhe assim:

Como é inegável que o Rocinante se não pode menear, contente sou de esperar até que ria a alva, ainda que chore eu todo o tempo que ela tardar.

Não tem que chorar, respondeu sancho; eu cá estou para entreter Vossa Mercê, contando-lhe casos até o amanhecer, salvo se não acha melhor apear-se, e estender-se a dormir um pouco sobre a verde erva, à moda dos cavaleiros andantes, para se achar mais refeito quandochegar o dia e o instante de acometer essa aventura tão sem igual, que o espera.

Qual apear, nem qual dormir! - respondeu Dom Quixote; - sou desses cavaleiros que tomam descanço nos perigos? dorme tu, que para dormir nasceste, ou faze o que melhor te parecer, que eu hei de fazer o que vir que melhor condiz com a minha pretensão.

Não se enfade Vossa Mercê - respondeu Sancho; -  não foi para isso que eu falei.

Disse - lhe Dom Quixote que referisse algum conto.

Prossegui Sancho - que num lugar havia um pastor cabreiro, quero dizer: um pastor que cuidava de cabras, o qual pastor ou cabreiro, como digo no meu conto se chamava Lope ruiz, e este Lope Ruiz andava enamorado duma pastora que se chamava Torralva; a qual chamada pastora Torralva era filha de outro pastor rico; e este pastor rico...

Se continuas a contar por esse modo, Sancho, - disse dom quixote - , repetindo duas vezes o que vais dizendo, teremos conto para dois dias; conta seguido, e como homem de juízo; ou, quando não, é melhor que te cales...segue página 110 do livro.